domingo, 11 de maio de 2008

UM DOS MEUS DIÁRIOS DE CAMPO





aqui vos apresento um dos meus diários de campo. neste extrato está referenciada uma situação em que o informante não autorizou a utilização da máquina fotografica. daí que tive que fazer uso da minha veia artistica. a conversa foi extremamente importante porque foi uma das primeiras vezes que tive a oportunidade de acompanhar na integra e in situ o processo completo de elaboração de um colar de campainha para uma cabra.


(diário de campo nº8, 1 de Junho de 2006)


"terça feira 30 de Maio, 18.30. estou no arraial do J. E. em P.V., o J. está sentado à porta de casa a arranjar as campainhas e as suas respectivas coleiras. é uma boa oportunidade para acompanhar o processo de elaboração de um colar. o J. demonstra alguma falta de paciência para explicar, sente-se incomodado com a máquina fotográfica. diz que está farto de ser "filmado" e que os outros é que ganham o "denhero". já não quer ser mais fotografado. concordo e guardo a máquina, decido também não utilizar o gravador de voz. opto por fazer uso da minha veia artistica, utilizo o desenho. tento acompanhar com a caneta o que vejo. depois diz-me que se quiser posso tirar fotografias aos colares já preparados, mas a ele não. ao mesmo tempo que prepara os materiais peço-lhe para me explicar o que está a fazer, os nomes que dá aos objectos e ferramentas que utiliza, o tipo de madeira, quando colhe, se é o melhor para estes trabalhos. vou apenas ouvindo, prefiro parar de escrever e observar os seus movimentos. vai dando diversas explicações sobre a sua tecnica de elaborar estes colares de campaínhas. explica-me detalhadamente as fases da sua elaboração e o funcionamento do colar na cabra, aproveito para desenhar."

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