(postercabaret)
em algumas cidades portuguesas já é possivel vislumbrar um certo transito quotidiano de "bicis", embora de uma forma muito timida. ao contrário do que ocorre noutros "mundos" urbanos. aproveito para contar aqui a história da minha primeira bici. foi-me dada num natal já longinquo. era uma robusta BMX com conta quilometros. na aldeia foi um tremendo sucesso. era raro o miúdo que não cobiçava uma voltinha. lembro-me que saía de casa de manhã e por muitas e muitas vezes só regressava a casa ao entardecer. lembro-me dessa imensa liberdade que a bici despoleta. o meu olhar transformou-se, conseguia viajar por caminhos desconhecidos, era todo um mundo novo que se abria ao meu olhar extasiado, eram tremendas as conquitas diárias. vivia a intensidade da essência da viagem. os aromas do vento na cara, tudo se escancarou em liberdades. o fim desta bici-liberdade foi solitário, triste, quase penitenciário. acabou numa garagem no mais completo dos abandonos, à espera dessa derradeira viagem que nunca chegou...
( * o titulo foi retirado desta obra brilhante: Élogie de la bicyclette (Éditions Payot & Rivages, 2008)
marc augé)
Nenhum comentário:
Postar um comentário